segunda-feira, 20 de setembro de 2010

hEY babY

Havia luz sim, apesar de tentar fugir para
não incomodar a ressaca. – DROGA! Mais um
dia – reclamou levantando do divã. Naquele
divã não havia nenhuma confissão, na verdade,
nele depositado, uma série de declarações
engolidas com muito mal gosto.
Pensava o motivo do passado te procurar, porque
voltar novamente aquele drama todo, que foi
superado a tanto custo. Mas ele estava lá, e
precisava espanta-lo, para não morrer novamente
do desgosto de lembrá-lo.
Traçava um plano, um plano simples, um plano de
sobrevivência. Não importava se não era nada meticuloso,
havia se cansado de complicar tanto as coisas.
Iria dar o troco, - Invade meu pensamento, rouba meus
sentimentos e se apropria ilegalmente do meu coração! Mas,
minha sanidade? NÃOOOO, minha sanidade não!
Tente vir novamente com seus olhos, o troco será dado,
afinal, olho por olho!

heY baby

Seu estúdio estava totalmente escuro
e as peças pareciam vivas.
Uma série de imagens, grudadas às paredes,
como se delas nascessem e lá fosse sua
parcela do paraíso.
Os contornos perfeitos, se desenhavam
embebedados em beleza, luxúria e
mentira. Lá havia toda sorte de sentimento
que não pudera viver, toda a dor e a tragédia
que sua vida se transformará, por não saber
amar, ou por não saber ser correspondida.
Havia de tudo naqueles traços, olhos vivos,
olhos desejosos, olhos mentirosos, olhos de
CAPITU. Todos os olhos, que ela observou,
todos os olhares que ela roubou. Porque
nada mais poderia ter, além de olhos e
olhares.
E a tinta continuava a correr, em traços violentos
com seu desejo encalacrado, grudado, fadado
na parede branca de seu estúdio.

domingo, 19 de setembro de 2010

hEy bAby

- Não existe redenção para as mágoas que ficaram,
o que sobra depois de um coração partido?
Só um monte de pedaços que não servem para nada...
- Mas ainda temos os pedaços?...
- Por favor, chega de remoer o passado,
não quero lembrar do que já esqueci. Deixe meu
baú de retalhos...
- Não posso, porque neste baú tem pedaços meus.
Esta sendo egoísta!
- Estou tendo humanidade. Acho que foi isso que faltou
naquela noite!
- Esta enganada! Foi o que mais teve naquela noite,
humanidade!
- Chega de querer ser feliz as minhas custas! Vá embora
de vez...

hEy Baby

Sala estava lotada, e o barulho absurdo.
O olhar lançado da frente era gelado,
o silêncio impetrou, como norma absoluta.
Um sorriso se desenhava ao fundo, alguém
contemplava cada movimento, no quadro
palavras saiam, um pouco tortas e sem
linhas, mas eram palavras de algo
que ninguém conhecia.
Virou-se e ao olhar ao fundo
o sorriso persistia. - Que perseguição -
pensou silenciosamente.
A aula continuou com algumas pausas para
perguntas, as respostas eram rapidas e
objetivas, sem levantar polêmicas.
Ecoou o sinal, todos se levataram sem
nem mesmo perceber que não havia terminado.
- Dane-se! - pensou novamente em seu silencio.
Cruzou a porta, e a sua surpresa. O sorriso
estava ali, como se fosse sua sombra.

- Pensou em uma resposta melhor para mim?
Vejo que responder é um dom, acredito que
não tera problema para me dar amostras disso!

- Não tenho respostas, não quero falar sobre isso!
Pare de seguir meus passos, a dois anos você
nem pensava em mim, agora sou o motivo de sua agitação?

- Você sempre foi todo o motivo, só que hoje, não
é só motivo, mas necessidade!

- Fique com seus préstimos e suas necessidades...

- Você disse que me salvaria, prometeu me dar tudo.
Sei que sou a ultima coisa que pensa quando vai dormir.

Novamente o silêncio, mais uma vez o olhar.
A chuva começava a cair, e os barulhos remetiam
a um lugar no passado, que certamente não precisariam
de respostas para acontecer.
Sairam em passos opostos, sem nada a dizer. Mas
a lembrança era compartilhada, porém só isso
era compartilhado.

hEy babY

Naquela manhã chovia, chovia muito forte lá fora!
O tédio também era forte, acho que a unica coisa
que não era realmente forte era o vazio, que
se preenchia pela leitura de um livro velho,
aos pedaços com folhas amareladas.
Naquela manhã, as marcas ficaram nas janelas,
apesar de faltar nome, e sobrar intenções,
havia uma coisa interessante, o assento conjugado!
Entre uma esquina e outa, as mãos se tocavam levemente
O silêncio dizia:
- Sinto muito!
Haviam sorrisos e gentilezas, as estranhesas se
quebravam no toque de dois estranhos em um vagão.
E a chuva era torrencial, chuva de verão!


E foi assim que "?" lembrava daquela manhã no fim da
tarde, onde ainda não havia nenhuma mágoa para lembrar.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

até a ultima migalha

A intimidade surge do silêncio,
do apego, da necessidade.
quando você não consegue encontrar
em mais ningguém aquilo que só
encontra em determinada pessoa.
As palavras só importam e formam
frases ao lado de um sujeito
e o resto é tudo predicado.
Quando o amor e o sentimento
estão velados à um momento
Que ninguém entende, ninguém
vê, mas ambos entendem.
Te quero até a última migalha.

hey baBy

- Você por aqui novamente?
- É pois é, não gostei muito da
resposta do outro dia!
- E o que você quer que eu faça
“?”...
- Quero que pense em uma resposta
melhor para me dar!

Ficaram apenas com os olhares,
e o silêncio...não havia nada
a ser dito naquele momento.

- Preciso entrar!...

hey baBy

- Sim, ela talvez tenha insinuado
que eu sou apaixonada por você!
(como se fosse algum segredo)
- E se eu for, é um problema meu
Unicamente meu, você não tem
absolutamente nada a ver com isso.
Afinal, Eu nunca te cobrei nada
na verdade nem sei o que esta
fazendo aqui, na minha vida.
Eu não te dei autorização para entrar,
mas já que esta aqui, fique a vontade
e feche a porta ao sair.

Talvez não fosse essa a resposta que “?”
esperava, mas era a única que tinha no
momento.
Então saiu, em choque com tudo o que havia
ouvido, e parecia que não reconhecia mais
o olhar que tanto esperava, olhando nos
ponteiros do relógio.